Modelos de linguagem semelhantes ao ChatGPT conseguem ler as ondas cerebrais e abrem novas fronteiras de estudo para a neurociência
Um experimento feito por neurocientistas da Universidade do Texas, nos Estados Unidos, com uso de inteligência artificial, conseguiu fazer a leitura das ondas cerebrais dos pacientes como nunca havia sido feito antes. Os pesquisadores treinaram um chatbot (modelo de IA) para decifrar a essência de um conjunto limitado de frases enquanto os pacientes ouviam conteúdos em podcasts.
O programa de inteligência artificial fez uma varredura nos registros feitos por ressonância magnética funcional (fMRI) de pacientes que ouviam frases de três programas. Em seguida, o chatbot usou esses dados de imagem cerebral para reconstruir o conteúdo dessas frases. A análise começa quando um paciente ouve a sentença do podcast: “ainda não tenho minha carteira de motorista”. Em seguida, o programa de computador faz a varredura cerebral e retorna com a seguinte conclusão: “Ele ainda nem começou a aprender a dirigir”, avaliando não palavras isoladas, mas trazendo uma aproximação da ideia expressa na frase original. Em outras palavras, o decodificador reconstrói a linguagem contínua a partir de representações semânticas corticais registradas pela ressonância magnética funcional (fMRI).
O robô de IA também foi capaz de analisar dados de fMRI de pessoas assistindo a curtas-metragens e, a partir da varredura das ondas cerebrais, escrever resumos aproximados dos clipes, sugerindo que a inteligência artificial não estava capturando palavras individuais das varreduras cerebrais, mas significados subjacentes expressos pelos pacientes.
As descobertas foram publicadas na revista científica Nature Neuroscience no início deste mês e criam um novo campo de pesquisa que inverte a compreensão convencional da IA. Durante décadas, os pesquisadores aplicaram conceitos do cérebro humano para o desenvolvimento de máquinas inteligentes. Agora, com o advento dos chatbots, geradores de imagens hiper-realistas e programas de clonagem de voz são construídos em camadas de neurônios sintéticos, resultado de um conjunto de equações que, da mesma forma que as células nervosas, enviam saídas umas às outras para alcançar um resultado desejado.
Os cientistas garantem que os avanço recentes podem ajudar a decifrar os mistérios contidos no interior do cérebro humano por meio das redes neurais sintéticas que serão usadas para estudar nossas redes neurais biológicas.