ECONOMIA

Com inflação alta, americanos compram porcos inteiros

Famílias compram até meio boi direto nos produtores para garantir comida por um ano

Por: Mario Augusto
Da redação | 30 de agosto de 2022 - 21:59

Com a inflação atingindo os índices mais altos das últimas quatro décadas, os norte-americanos estão procurando meios de reduzir as despesas e equilibrar o orçamento. Além de substituir certos tipos de alimentos por marcas mais baratas, agora surge outra tendência: comprar carnes em grandes quantidades, para guardar no congelador. Boa parte dos consumidores opta por comprar meio boi ou um porco inteiro, o que garante o consumo da família por até um ano.

Mais de 70% dos americanos ajustaram a forma como compram carne por causa da inflação, de acordo com Glynn Tonsor, professor de economia agrícola da Kansas State University que supervisiona o Meat Demand Monitor da escola. Esse monitoramento pesquisa 2.000 pessoas em todo o país sobre o consumo de carne e hábitos de compra.

Muitos estão comprando menos carne ou trocando por cortes mais baratos – presunto em vez de costeletas de porco, por exemplo, disse Tonsor.

“Com os preços subindo no balcão de carnes, cresceu o interesse dos consumidores de comprar grandes quantidades e direto do produtor”, disse Jess Peterson, consultor sênior de políticas da Associação de Pecuaristas dos EUA e criador de gado no sudeste de Montana. “Nossos preços são menores do que alguém pagaria no supermercado”.

Embora a inflação tenha alcançado perto de dois dígitos nos últimos meses, os preços dos alimentos vêm aumentando há dois anos. O preço da carne, por exemplo, aumentou 17% desde Julho de 2020, enquanto o frango subiu 18%. Isto provocou uma grande mudança nos hábitos dos consumidores.

Geladeira lotada: compras a granel ajudam a reduzir o custo (Foto: redes sociais)

É o caso de Logan Wagoner, advogado de St. Louis, que comprou meio boi e um porco inteiro, recentemente. Com três filhos pequenos e os custos de carne em alta, ele decidiu que precisava mudar a maneira de fazer compras. Agora, seu freezer tem   320 quilos de bacon, salsichas, bifes de costela, carne moída, entre outras partes. “Meus filhos comem muito cachorro-quente, e os preços andam muito altos”, disse Wagoner.

Fornecedores diretos 

As paralisações e escassez precoces relacionadas à pandemia levaram muitos americanos a comprar carne diretamente de produtores locais. Essa tendência de buscar novos fornecedores ganhou força, mais recentemente, com a alta nos preços das carnes nas gôndolas dos supermercados.

Em entrevistas, criadores de gado de todo o país afirmam que estão atendendo mais pedidos diretos dos consumidores. Alguns foram forçados a reconfigurar completamente seus negócios para acomodar o crescimento das compras a granel de meio ou um quarto de boi.

“As pessoas estão procurando mais acordos agora”, disse Dana Carey, proprietária do Circle Bar Beef em Fort Bidwell, Califórnia.

Na Wilson Dowell Farms em Calvert County, Maryland, a demanda por meias vacas ou vacas inteiras tem aumentando tanto entre os clientes nos subúrbios de Washington, DC, que o proprietário Jason Leavitt já vendeu toda a sua produção de carne até o fim do ano. Ele é especializado em carne bovina alimentada com capim e teve que aumentar os preços em US$ 2 por libra para acompanhar um aumento de sete vezes nos preços das sementes de capim.

No mais recente esforço para combater o aumento dos preços, a Casa Branca oferecerá US$ 1 bilhão em ajuda para pequenos produtores da indústria de carne, com o objetivo de compensar eventuais perdas.

Além das carnes, os custos de todos os tipos de alimentos estão aumentando. Os mantimentos, em geral, estão 12,2% mais altos agora do que no verão passado – o maior aumento ano a ano em 43 anos, mostram dados federais. Frutas e vegetais custam 8% mais, produtos básicos como pão e cereais aumentaram 14% e manteiga e margarina aumentaram 26%.

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