Pesquisas mostram que medo do fracasso e altas taxas de ansiedade são problemas comuns nesta faixa etária
Cada geração possui seus próprios desafios, momentos de crescimento e até de regressão. Um estudo da organização sem fins lucrativos “Mind Share Partners” mostrou que a “geração Z” tem enfrentado mais dificuldade do que as gerações anteriores. A pesquisa descobriu que metade dos entrevistados entre 24 e 39 anos, os chamados “millennials” deixaram funções no trabalho, pelo menos em parte, por motivos de saúde mental.
Foram vários os desafios já superados, por uma geração tão jovem. Vidas impactadas na escola ou faculdade pela pandemia de covid-19, a entrada incerta no mercado de trabalho, devido a um início de uma recessão econômica. Novos estudos tem mostrado que as atuais experiências podem provocar impactos duradouros, na vida destes jovens adultos.
De acordo com economistas, formar-se durante uma recessão pode significar ganhos salariais mais baixos por décadas. E o período universitário dominado pela Covid-19 diminuiu as chances de aprender a gerenciar o tempo e interagir com adultos.
Sem falar das redes sociais. Um estudo da organização Marktest, em Portugal realizada em 2020, mostrou que 38,1% dos jovens entre os 15 e os 24 anos, dedicam mais de duas horas por dia às redes sociais. O tempo médio já é considerado o dobro do que o tempo utilizado por pessoas com mais de 45 anos. Este uso e excesso, torna a sensação de que a “grama do vizinho é mais verde” ainda maior, já que se compartilha apenas os momentos de fartura, sucesso e felicidade. Nas redes, quase toda conquista é postada e julgada em tempo real por outras pessoas.
Apesar dos motivos legítimos da preocupação com o presente e o futuro, o excesso tem provocado, segundo especialistas um ciclo vicioso. De acordo com a professora de psicologia do Vassar College, Abigail Baird, a “geração Z” foi a menos rebelde do que as gerações anteriores. Isto porque eles têm e se sentem com menor margem de erro, sendo menos propensos a experimentar drogas, álcool, fazer sexo e dirigir.
O problema que a falta de rebeldia alimenta a ansiedade e a crença de que os contratempos são catastróficos, segundo a pesquisadora. “Correr riscos na adolescência é uma parte importante do desenvolvimento do cérebro. Testar limites e enfrentar contratempos treina seu cérebro para lidar com riscos e resultados ruins quando você envelhece. Se você perder essa experiência, correr riscos será mais difícil à medida que envelhece”, explica.
Só no Brasil, a geração Z compõe 20% da população do país, segundo um estudo da McKinsey em parceria com a Box1824. Economistas e pesquisadores defendem que no decorrer da inserção destes jovens no mercado de trabalho nos próximos anos, a geração ainda tem chances de prosperar. Mesmo com todos os desafios e sequelas, a Covid-19, por exemplo, fez com que a faixa etária se aproximasse ainda mais da tecnologia e maior adaptação aos novos modelos de trabalho. O mito de que não se pode falhar em nada, não só deve ser superado, como realmente inserido nas ações desta geração.