SAÚDE

Cuidado com o Dr. YouTube! Ele nem sempre sabe das coisas

Estudo alerta para desinformação relacionada com dicas sobre insônia e outros problemas de saúde

Por: Júlia Castello
Da redação | 1 de março de 2023 - 21:55

Mais de 60% dos adultos, nos Estados Unidos, admitem que consultam a internet sobre assuntos de saúde, incluindo problemas de insônia e a busca de dicas para dormir melhor. Mas existe uma quantidade alarmante de vídeos nas redes, principalmente no YouTube, que transmitem informação falsa, segundo pesquisadores do Bringham and Women’s Hospital, da Universidade de Harvard.

De acordo com o estudo, publicado no Journal of Clinical Sleep Medicine,  se automedicar ou pesquisar sobre doenças, principalmente sobre distúrbios do sono, se tornou um risco e um sinal de alerta para muitos médicos. Os pesquisadores analisaram os vídeos do Youtube com maior número de visualizações contendo os termos-chave: “insônia” e “dicas para dormir”. Após a seleção, especialistas em sono, treinados para identificar desinformação usando ferramentas de avaliação, analisaram os vídeos em relação à qualidade das informações.

Pesquisar sobre saúde na internet pode resultar em complicações, alerta estudo. (Foto: Pexels)

Vídeos mais populares

O estudo constatou que os vídeos que receberam o maior número de visualizações foram os produzidos por blogueiros (42,9%),com 8,2 milhões de acessos. Já os realizados por profissionais médicos, foi de 33,3% e técnicos de saúde com 23,8%, somando apenas 0,3 milhão de views.

De acordo com uma das autora da pesquisa, Rebecca Robbins, os vídeos produzidos por influencers apelam para clickbait e vídeos mais curtos e por isso, se tornam mais populares. “Hoje em dia, as pessoas geralmente querem informações curtas. No entanto, a ciência é fundamentalmente mais complexa do que uma linha ou os 280 caracteres em uma postagem no Twitter”, explicou.

Riscos comprovados

Além de contarem com mais informações falsas,  a maioria dos vídeos produzidos por blogueiros tinham um viés comercial, fazendo propaganda de produtos e serviços. Já os vídeos feitos por especialistas de saúde e analisados pela pesquisa, nenhum possuía este objetivo implícito.

De acordo com outro autor do estudo, Stuart Quan, os resultados da pesquisa, que foram publicados no Journal of Clinical Sleep Medicine, comprova e reforça o alerta. “A desinformação médica, incluindo o que é encontrado em alguns vídeos sobre distúrbios do sono, pode levar os pacientes a evitar atendimento ou receber atendimento errado e pode ser prejudicial para os resultados dos pacientes”, explica. Infelizmente, segundo ele, “a medicina do sono não é imune a esse problema”.

A foto de capa é de Kinga Howard, na Unsplash

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