The Washington Post

Quando entrou para a faculdade, no Outono de 1939, Fredric Taylor estava animado com seu futuro. Ele começou a estudar educação musical na escola de sua cidade natal, Cornell College, em Iowa, com o sonho de se tornar um instrutor de música.

Então, em dezembro de 1941, o Japão atacou a base naval dos EUA em Pearl Harbor, levando os Estados Unidos a entrar na Segunda Guerra Mundial. Taylor, sabendo que poderia ser convocado para o serviço militar, ingressou no Corpo Aéreo do Exército no ano seguinte.

Embora tivesse concluído os requisitos para seu diploma no último semestre, ele não poderia comparecer à cerimônia de formatura em maio de 1943. Ele havia sido enviado para treinar no Missouri três meses antes.

Mas este mês, Taylor, que agora tem 101 anos, finalmente atravessará o palco. Em 14 de maio, o Cornell College homenageará Taylor em sua formatura – 80 anos após sua cerimônia programada.

Fredric Taylor casou-se com Peggy Newberg durante o treinamento militar dos EUA em Colorado Springs em setembro de 1944. (Foto cedida por Linda Taylor)

“Foi apenas algo que parecia incompleto – fazer todo o trabalho para o diploma e não subir no palco e receber o diploma”, disse Taylor ao The Washington Post.

Em fevereiro de 1943, Taylor viajou para Jefferson Barracks, no Missouri. Em vez de comemorar seus últimos meses de faculdade, Taylor disse que vivia em tendas com pouca proteção contra chuva e neve. O pai de Taylor, Fred, recebeu o diploma de Taylor, em Cornell.

Depois de retornar a Iowa, Taylor ingressou na Guarda Aérea Nacional de Iowa e teve uma filha, Linda, em 1948. Mais tarde, ele se tornou instrutor de música para escolas de ensino fundamental e médio – uma profissão que continuou quando se mudou para La Mesa, Califórnia, em 1959. Ele liderou bandas escolares, que, segundo ele, costumavam tocar em cerimônias de formatura. Em cada uma, ele se lembrava da cerimônia de formatura de Cornell que havia perdido.

Taylor pensou que teria de viver com esse arrependimento. Ele se aposentou em 1983 e viajou por todo o país durante os verões. Sua filha Linda começou a ensinar Antropologia na Universidade de Miami, em 1989. Ver os graduados sorridentes e suas famílias nas cerimônias de formatura da escola fez com que Linda esperasse que seu pai pudesse ter essa experiência um dia. “É o rito de passagem”, disse Linda, que hoje tem 74 anos.

Fredric Taylor com sua esposa, Peggy, em 2014. Ela faleceu em 2020. (Foto cedida por Linda Taylor)

Taylor foi casado com Peggy por mais de 75 anos antes de sua morte por insuficiência renal em março de 2020. Linda percebeu que precisava agir para que seu pai pudesse participar de uma formatura.

A realização do sonho

“Todo aluno merece aquele momento na frente de suas famílias para comemorar a conclusão da faculdade, mesmo que seja 80 anos depois”, disse o presidente do Cornell College, Jonathan Brand, em um comunicado. “Além disso, Fred é um exemplo poderoso para nossos graduados da turma de 2023. Por meio de Fred, testemunhamos como os cornellianos levam vidas gratificantes e significativas servindo aos outros. Este é um dia que nunca esqueceremos.”

Ao ser informado que atravessaria o palco de Cornell, Taylor disse que ficou surpreso.

A cerimônia será em frente ao prédio do campus. Taylor será convidado para subir ao palco, vestindo a tradicional beca e o chapéu de formatura, enquanto a história dele será narrada no sistema de som. Taylor  atravessará a plataforma e receberá o tão aguardado diploma de graduação.

Em seguida, Taylor conduzirá os formandos a virar a borda de seus chapéus, da direita para a esquerda, para marcar o fim de seus – e dele – estudos universitários. “É o melhor tipo de encerramento”, disse Linda.