Não existe uma fórmula mágica para fazer amigos, mas existem fatores que contribuem para isso
Ter amigos e conseguir mantê-los ao longo da existência é uma das maiores conquistas que se pode alcançar. Amizades sólidas podem valer mais do que dinheiro, poder e outros valores que, normalmente, as pessoas costumam buscar. A questão é como manter as amizades. Em geral, as amizades que permanecem são aquelas que surgiram no mesmo meio social, escola, trabalho, sejam por relações familiares e até pela internet ou aplicativos.
Apesar de não haver uma fórmula mágica para fazer amizades e mantê-las ao longo do tempo, a editora da revista norte-americana “The Atlantic”, Julie Beck, defende que existem seis fatores para isso: acumulação, atenção, intenção, ritual, criatividade e empatia.
Ela se baseia em um estudo da Universidade do Kansas, nos Estados Unidos, que mostra que há um tempo mínimo necessário para se conviver com uma pessoa para tornar-se, de fato, amiga dela.
Nas seis primeiras semanas é preciso ficar de 40 a 60 horas juntos para transformar um conhecido em um amigo casual. E cerca de 80 a 100 horas para tornar-se um amigo presente.
O esforço é necessário
A segunda etapa é a “atenção” (2). As amizades podem surgir em qualquer lugar, em qualquer momento, basta ter atenção para procurar o que há em comum com o outro. Logo após este passo, é necessário implementar a terceira etapa, que é a parte da ação, chamada por Julie de “intenção” (3). Apenas conhecer uma pessoa e querer se tornar amiga dela não basta para que este laço aconteça, segundo ela. É necessário energia e empenho. Como brinca Julie, é como um trabalho, mas não precisa ser algo penoso, ao contrário, deve ser uma alegria.
Após estas etapas é necessário manter “contato” (4) com alguma frequência com a pessoa. A pandemia da covid-19 foi momento difícil para a saúde mental das pessoas, porque exigiu longos meses e até anos de isolamento social. Para manter uma amizade, principalmente as novas, é necessário encontrar pessoalmente com elas periodicamente.
Julie, que é autora de uma coluna no The Atlantic, “The Friendship Files”, passou três anos contando a história de amizades que aconteceram e permaneceram vivas das mais diversas formas. Ela conta que algo em comum em quase todos os casos analisados é que a amizade é considerada pelas pessoas, comumente, como algo secundário em relação a outras atividades.
A prioridade, para a maior parte, é o trabalho, seguido do amor e, depois, a amizade. E aqui entram as duas últimas etapas da teoria de Julie Beck, que são a “criatividade” (5) e a “empatia” (6). A “criatividade” deve ser usada para criar formas de priorizar as amizades, mesmo com a correria e os problemas do dia a dia.
A “empatia” permite o perdão — perdoar ou ser perdoado — quando o amigo se faz ausente por motivos variados, permitindo assim a reconexão com o amigo assim que possível.
Entre suas várias histórias escritas, Julie conta que algumas pessoas confessaram que, apesar de serem amigos há longos anos, costumam se falar pouco ou se encontrar esporadicamente. Para ela, é a última etapa, a “empatia”, a parte mais importante da amizade. Pois permite que amizades afastadas pelo tempo se reencontrem e que amizades novas queiram permanecer e se estabelecer por longos anos.