GUERRA
Janelas quebradas: frio ameaça população (Foto: Pexels)

Falta vidro. E inverno ameaça ucranianos.

Milhares de prédios tiveram janelas e vidraças quebradas pelos bombardeios

Por: Mario Augusto
Da redação | 23 de setembro de 2022 - 13:56
Janelas quebradas: frio ameaça população (Foto: Pexels)

Toda guerra deixa marcas impressionantes de destruição. Na Ucrânia, cerca de 140 mil edifícios residenciais foram atingidos pelas ondas de choque dissipadas pelas explosões de mísseis e bombas. Mesmo os prédios que não são atingidos diretamente pelos ataques sofrem o efeito deletério das explosões. E as janelas de vidro são a parte mais sensível às ondas de choque.

De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), em sete meses de guerra, 44 milhões de metros quadrados de habitações foram danificados. A consequência disso é que milhões de ucranianos estão morando em casas incapazes de fornecer proteção contra as duras condições do inverno que começa em novembro — mas já em outubro as temperaturas em Kiev se aproximam de 0º e, entre novembro e março, a tendência é de vários dias com temperaturas negativas.

Nas vilas e cidades bombardeadas pelas tropas russas nada foi poupado: prédios comerciais, residenciais, escolas, casas térreas.

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Destruição em massa

Para se ter ideia do efeito desastroso das explosões, as ondas de choque de um poderoso míssil russo, que explodiu a 300 metros da usina nuclear de Pivdennoukrainsk, no sul da Ucrânia, destruiu mais de 100 janelas do complexo. E a cena tem se repetido milhares de vezes, todos os dias.

Organizações internacionais fazem campanha para consertar milhares de janelas na Ucrânia (Foto: Pexels)

Inocentes civis podem ter sido poupados de um ataque direto, mas as janelas das casas que habitam, não. A quantidade de janelas danificadas pela guerra já se tornou um problema de grandes proporções na Ucrânia e está gerando uma corrida nacional ao vidro, antes que o frio mais intenso tome conta do país. O inverno na Ucrânia costuma ser bastante rigoroso. As temperaturas podem atingir facilmente 20 graus negativos.

Entidades internacionais de ajuda humanitária realizam campanhas de arrecadação para recuperar as janelas de milhares de casas danificadas, evitando que o frio seja um inimigo indesejável para a população civil durante o inverno.

Ucrânia sem vidro

Não é de hoje que a Ucrânia enfrenta problemas com a produção de vidro. Alguns anos atrás uma das maiores fábricas de vidro do país, na região leste de Donbas, foi bombardeada durante uma rebelião pró-Rússia e teve de ser fechada.

O fechamento da fábrica aumentou a dependência da Ucrânia em relação a fornecedores de vidro da Rússia e da Bielorrússia. Com a deflagração da guerra, as relações comerciais foram cortadas e o país ficou à mercê das importações europeias e de preços mais elevados.

O problema é complexo. A produção de vidro depende do derretimento de areia. E este processo demanda alto consumo de energia que sofre grande elevação de preços no mercado global. Assim, produzir vidro tornou-se uma atividade bastante cara.

Fornecedores afirmam que um painel de vidro comum custa hoje até quatro vezes mais do que custava antes da guerra.

Opções mais baratas

O compensado é uma alternativa para fechar os buracos das janelas, mas ele tem um inconveniente. Diferentemente do vidro, ele deixa o espaço interno escuro, o que pode ser deprimente para quem vive os horrores de uma guerra.

Muitas pessoas estão improvisando o fechamento de janelas com restos de toalhas de mesa ou filme plástico porque permitem a entrada da luz solar, mas não é resistente ao vento e ao frio intenso.

No gabinete da prefeitura de Chernihiv, uma cidade de 200 mil habitantes no norte da Ucrânia, ainda há compensado cobrindo algumas das janelas quebradas.

“Tenho problemas maiores”, disse o prefeito, Vladyslav Atroshenko. “Não posso ter crianças congelando em seus apartamentos.”

 

Janelas quebradas: frio ameaça população (Foto: Pexels)

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